20 de jul. de 2011

Cosmovisão de um Mistério

* Este artigo é de autoria de Juarez Subirá. Serviu no ministério até ser chamado à Glória Celestial no dia 01/10/2004. Está disponível no apêndice (pág. 120) do livro "O Conhecimento Revelado" do Pr. Luciano Subirá, filho de Juarez. Acesse http://www.orvalho.com/ e baixe o e-book gratuitamente.

   “Nesse mesmo dia, iam dois deles para uma aldeia chamada Emaús, que distava de Jerusalém sessenta estádios; e iam comentando entre si tudo aquilo que havia sucedido. Enquanto assim comentavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou, e ia com eles; mas os olhos deles estavam como que fechados, de sorte que não o reconheceram. Então ele lhes perguntou: Que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós? Eles então pararam tristes. E um deles, chamado Cleopas, respondeu-lhe: És tu o único peregrino em Jerusalém que não soube das coisas que nela têm sucedido nestes dias? Ao que lhes perguntou: Quais? Disseram-lhe: As que dizem respeito a Jesus, o nazareno, que foi profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; e como os principais sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte, e o crucificaram. Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir Israel; e, além de tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que estas coisas aconteceram. Verdade é, também, que algumas mulheres do nosso meio nos encheram de espanto; pois foram de madrugada ao sepulcro e, não achando o corpo dele, voltaram, declarando que tinham tido uma visão de anjos que diziam estar ele vivo. Além disso, alguns dos que estavam conosco foram ao sepulcro, e acharam ser assim como as mulheres haviam dito; a ele, porém, não o viram. Então ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crerdes tudo o que os profetas disseram! Porventura não importava que o Cristo padecesse essas coisas e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicou-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras. Quando se aproximaram da aldeia para onde iam, ele fez como quem ia para mais longe. Eles, porém, o constrangeram, dizendo: Fica conosco; porque é tarde, e já declinou o dia. E entrou para ficar com eles. Estando com eles à mesa, tomou o pão e o abençoou; e, partindo-o, lho dava. Abriram-se-lhes então os olhos, e o reconheceram; nisto ele desapareceu de diante deles. E disseram um para o outro: Porventura não se nos abrasava o coração, quando pelo caminho nos falava, e quando nos abria as Escrituras? E na mesma hora levantaram-se e voltaram para Jerusalém, e encontraram reunidos os onze e os que estavam com eles, os quais diziam: Realmente o Senhor ressurgiu e apareceu a Simão. Então os dois contaram o que acontecera no caminho, e como se lhes fizera conhecer no partir do pão”. Lucas 24:13-35

   “Depois lhes disse: São estas as palavras que vos falei, estando ainda convosco, que importava que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Então lhes abriu o entendimento para compreenderam as Escrituras” Lucas 24:44,45

   Duas palavras da língua portuguesa realçam a tremenda insignificância do ser humano - cosmovisão e inteligência. COSMOVISÃO seria ver o cosmos inteiro, com todas as suas galáxias. Mas precisaríamos estar fora dele. E aí nossos olhos não serviriam para nada. Haja telescópio!
   Jesus ao falar sobre coisas muito complexas e profundas cortava um tremendo atalho teológico dizendo: “tocai-me e vede” (apalpem, já que vocês não podem compreender); “...estava escrito na Lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos”; “Assim está escrito...”; “Convinha...”; “Era necessário”. Mas há um ponto de compreensão ao qual Jesus mesmo nos leva: “Então abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras” (Lc.24:45). É cosmovisão... das Escrituras. E quando a gente pensa que já sabe, Ele sussurra: “aprendei de mim”.
   A segunda palavra é INTELIGÊNCIA. Vem do latim. É o particípio presente do verbo ler (ligere) junto com inter (dentro). Você lê um livro fechado? Você lê dentro, sem abrir as páginas? Pois bem, a Bíblia é um livro fechado, a não ser que Jesus nos “abra o entendimento para entendermos as Escrituras” (Lc.24:45).
   Toda glorificação de Cristo em Ap.5:9,10 gira em torno da capacidade do Cordeiro para abrir o livro! “E cantavam um cântico novo dizendo: Digno és de tomar o livro, e abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo e nação; e para o nosso Deus os fizeste reino, e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra.” Apocalipse 5:9,10
   Pois bem! Lá iam os dois filósofos-achólogos de Emaús em retirada total e com a “viola no saco”! (eles são sempre tão cheios de desesperança) quando um “estranho” totalmente “desatualizado com as notícias” se põe ao lado deles. e o diálogo começa. E eles começam a contar ao “estranho” toda a história de Jesus! E o próprio Jesus vai ouvindo tudo sobre Ele mesmo. Talvez dissesse de vez em quando: “Sei” “Humm!”.
   Esgotada a filosofação e a achologia, o próprio Jesus - o Verbo, a Palavra - retoma a palavra e começa a explicá-la, não para a cabeça, mas para o coração! Os dois ouvintes captam que a conversa é boa demais. Fixa a mente. Fixa o espírito. Corta e mexe com o coração. Ao se verem defronte do seu casebre, talvez de estilo favela, pensam consigo mesmo: “não podemos perder esta conversa”! E arriscam: “Já está tarde... que tal um lanche?” E o “estranho” nunca recusa nem recusará jamais.
   “Eis que estou à porta e bato! Se alguém abrir...” De repente é reconhecido pelos dois! E não foi pela ferida nas mãos porque vinha gesticulando pelo caminho. e não foi pela voz porque há tempo já vinha falando. Nem pelo estilo da oração! O Cristo ressurreto só é reconhecido como ressurreto e com as implicações da cosmovisão da ressurreição quando Ele mesmo reparte o pão da Palavra. E aquele que disse: “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Mt.4:4) não admite intermediários a não ser o Espírito Santo! A luz sobre a ressurreição vem d’Ele mesmo. Numa choupana ou casebre. Sem púlpito. Sem pregador. Sem Faculdade de Teologia (não sou contra ela!). Mas vem d’Ele, para ouvidos bem atentos. Ele é digno de abrir o livro! É super-hiper-interligente! “Tomai... Comei...”

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